Representante brasileiro apresenta demandas em evento mundial sobre o Fairtrade na Bélgica

Colaborador da Cooperativa Mista Agropecuária de Paraguaçu (COOMAP), o inspetor agrícola, Edimar Martins teve a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos em um evento promovido em Bruxelas, na Bélgica, e de apresentar demandas do setor ao Parlamento Europeu. Organizado pelo Fair Trade Advocacy Office, a “Fair Trade Advocacy Marathon” foi realizada durante quatro dias, com reuniões e workshops.

Atores do movimento de Comércio Justo de todo o mundo, incluindo produtores, parceiros da sociedade civil e representantes políticos da União Europeia (UE) participaram do evento, que ocorreu no último ano. Edimar, que atua na COOMAP, sediada no município de Paraguaçu, em Minas Gerais, contou que foram dias de trocas de experiências e muito aprendizado.

Representando as Organizações de Pequenos Produtores (OPPs) brasileiras, Edimar que é embaixador Fairtrade Café do Brasil, disse que teve a oportunidade de levantar questões em nome de todos os produtores de Comércio Justo do Brasil. “O foco maior foi o apoio às questões que visam mitigar os efeitos das alterações climáticas, principalmente na cafeicultura, que muito está sendo afetada, tanto pela geada, quanto pela seca, que resultaram em baixo percentual de fecundação das flores e, consequentemente, baixa produção das lavouras”, disse.

Ele informou que participou de um café da manhã no Parlamento Europeu, com a presença do eurodeputado Bernd Lange, presidente do Grupo de Trabalho de Comércio Justo do Parlamento Europeu. “Este evento foi precedido e seguido por uma série de workshops e reuniões que trataram de temas como o engajamento com produtores do Comércio Justo nos escritórios da Enabel (agência belga de desenvolvimento) em Bruxelas, bem como um evento de alto nível com os formuladores de políticas da UE sobre a próxima diretiva sobre sustentabilidade e suas oportunidades e desafios para pequenos produtores”, contou.

Segundo ele, durante a sessão foi possível apresentar uma visão ampla sobre alterações climáticas, trabalho infantil, condições de trabalho e empoderamento das mulheres, assuntos que são os fundamentos de organizações certificadas Fairtrade em todo o mundo.

Outra demanda foi apresentar aos envolvidos na formulação de políticas da União Europeia como os cultivos são bastante diferentes do que são apresentados a eles em mídias sociais, em alguns veículos de comunicação e pelas fake news.

“Pedimos para que antes de formularem regras e políticas, que façam estudo profundo se as mesmas são realmente aplicáveis nestes países, para que não prejudiquem ainda mais os produtores que muitas vezes são taxados como vilões da sociedade – quando se fala em preservação do meio ambiente – mas que na maioria das vezes a realidade não condiz com a forma como são apresentados. A eles eu deixei uma mensagem: se o campo não planta, a cidade não janta”, disse.

JOVENS – Durante o evento também ocorreu um bate-papo com os jovens defensores do Comércio Justo da Europa, com o intuito de tirar suas dúvidas sobre produtos Fairtrade produzidos pelos embaixadores Fairtrade presentes. Houve explanação das principais ações realizadas pelas OPPs com os recursos advindos do Prêmio Fairtrade.

Foi realizado também um documentário para o Fair Trade Advocacy Office, com todos os embaixadores presentes, que relataram os principais desafios hoje encontrados pelos produtores de seus países, perspectivas de futuro no Comercio Justo e relatos de impacto do Fairtrade em seus países. “No meu caso, relatei o quanto um treinamento sobre como aplicar um defensivo agrícola de forma correta e responsável pode salvar uma família e proporcionar a continuidade de um legado”, contou Edimar.

ENCAMINHAMENTOS – Durante a maratona foi elaborado um documento que contém 45 recomendações de políticas destinadas às instituições da UE sobre como agir de acordo com as ferramentas existentes, com as diretivas da União Europeia e de cartas e normas internacionais.

Segundo Edimar, o objetivo do documento é destacar os instrumentos da política comercial da UE e as medidas relacionadas com o comércio, visto que a influência da União Europeia no comércio é significativa, pois é o maior bloco comercial do mundo.

“A Maratona ajudou a criar uma estratégia de comunicação que, em última análise, contribuiu para espalhar a mensagem – tanto para a sociedade civil quanto para os parlamentares da UE – de que uma transição global, justa e ecológica, é necessária em todo o mundo”, enfatizou.

Segundo ele, a embaixadora de Ghana discursou durante o evento no Parlamento Europeu e falou: “se minhas ideias não são levadas em consideração, então não é para mim. Se as políticas estão sendo feitas para apoiar os produtores, mas as preocupações dos produtores não são levadas em consideração, então a política não é para os produtores”.