Presidente da BRFAIR destaca projetos em prol do desenvolvimento do Fairtrade no Brasil

O presidente da BRFAIR, Carlos Renato Alvarenga Theodoro, está otimista com os projetos que serão desenvolvidos ao longo de 2023. O ano que se encerrou foi marcado por importantes ações, que irão refletir para o desenvolvimento do Comércio Justo no Brasil neste ano que se inicia. Os membros das Organizações de Pequenos Produtores certificados Fairtrade do Brasil terão ainda mais benefícios, em virtude do  andamento do Projeto Sul Sul, que deve levar aos supermercados nacionais os produtos certificados. Leia abaixo a entrevista concedida pelo presidente da BRFAIR.

Quais as principais ações realizadas pela BRFAIR durante o ano de 2022?

Carlos Renato Theodoro – Como coordenadora nacional de Comércio Justo do Brasil, membro da CLAC, a BRFAIR conta com um planejamento anual, baseado em seu planejamento estratégico, e atua para representar as organizações de pequenos produtores (OPPs) certificadas Fairtrade, trabalhando pelo fortalecimento e desenvolvimento de seus sócios e promovendo os princípios e valores do Comércio Justo.

O ano de 2022 foi de muito trabalho e realizações, e falar sobre todo o nosso trabalho e atuação seria um desafio. Sendo assim, vou destacar dois pontos marcantes para nossas organizações de pequenos produtores Fairtrade. Um foi a minha eleição como membro do Conselho de Diretores da Coordenadora Latino-Americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores de Comércio Justo (CLAC), o outro foi a eleição como membro da Rede Café, também da CLAC.

Esses marcos representam muito para o Fairtrade no Brasil, uma vez que através das instâncias deliberativas da CLAC, nos tornamos parte da governança do movimento Fairtrade, apresentando nossa visão e demandas do Brasil no sistema. Assim, podemos trabalhar para fortalecer ainda mais o Comércio Justo no Brasil.

Outro marco foi a apresentação da marca Fairtrade no Brasil na Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte (MG), como parte das estratégias de abertura do mercado Sul-Sul, implementado pela CLAC, em parceria com a BRFAIR. A proposta da apresentação da marca Fairtrade durante a SIC foi destacar a marca que existe há mais de 30 anos na Europa.

A ideia foi apresentar aos consumidores brasileiros, os produtos diferenciados, que além da qualidade excepcional, trazem consigo a garantia de terem sido produzidos pautados por critérios que garantem uma produção sustentável, buscando o desenvolvimento social, econômico e ambiental dos produtores e de suas comunidades.

E para 2023, quais as expectativas para o Fairtrade no Brasil?

Para 2023, a expectativa é continuar trabalhando, e buscando a promoção do Fairtrade no Brasil e o fortalecimento e desenvolvimento dos produtores do Comércio Justo e de suas comunidades. Temos muitas demandas e um grande desafio para o próximo ano, assim, questões como mudanças climáticas, inclusão de gênero, direitos humanos, melhoria de qualidade dos produtos e ampliação de mercados devem nortear nossas ações para 2023.

E como está sendo planejado o lançamento da marca Fairtrade no mercado do Brasil?

O Brasil foi escolhido entre os países da América Latina, para ser o pioneiro na estruturação no mercado interno para a comercialização de produtos Fairtrade, no projeto chamado Sul-Sul, coordenado pela CLAC, em parceria com a BRFAIR. Assim, temos em curso uma série de ações que visam a promoção da marca Fairtrade para os consumidores brasileiros. Também está em andamento um trabalho de marketing e comunicação que atuará para estabelecer conexões entre os elos da cadeia do Comércio Justo. A SIC é um marco para a cafeicultura nacional e mesmo mundial, e estaremos presentes com produtos especiais, produzidos por pessoas especiais e licenciados como Fairtrade.

Com a comercialização de produtos Fairtrade no Brasil, o consumidor terá uma variedade maior de opções nos mercados, inclusive de outros países?

A ideia é essa: estimular a circulação de produtos Fairtrade nos países do sul, uma vez que somos produtores e também consumidores da maior parte dos produtos Fairtrade. Com o avanço do projeto Sul Sul, queremos ter produtos argentinos, mexicanos, equatorianos, bem como dos demais países produtores, nas gôndolas dos supermercados brasileiros. Esse fluxo comercial entre os países do sul deve ser estimulado, e é mais uma oportunidade de venda para os produtores do Comércio Justo. Fomentar a oferta e a demanda por produtos Fairtrade nos países do sul é nosso principal desafio.

Há boas expectativas para a produção de café brasileiro certificado em 2023?

Nos últimos anos, severos eventos climáticos atingiram as lavouras dos produtores, como geadas e secas, e isso tem dificultado muito a vida de nossos produtores. Entretanto, como seguimos trabalhando apesar das adversidades, teremos uma boa produção dos cafés certificados. Não vai faltar café para os consumidores que optarem por produtos Fairtrade.

E para a laranja, o que se espera para este ano?

A safra 2022/2023 se encontra em desenvolvimento. As chuvas recorrentes no final de 2022 e início de 2023 irão contribuir para amenizar as perdas ocorridas com a elevada temperatura de novembro, que derrubaram as frutas que estavam no estágio de ervilhas. A produção nas áreas das cooperativas certificadas deve ter uma pequena redução comparada ao ano passado. Já o mercado de suco de laranja Fairtrade permanece estável, com pouca demanda.