Fairtrade: o café que o brasileiro está descobrindo, mas que o mundo já aprecia

Quando se fala em café de qualidade em qualquer parte do mundo, um consenso é a qualidade dos grãos produzidos no Brasil, sejam arábica ou robusta. Mas, um assunto que poucos brasileiros conhecem, mas que é mais comum em países da Ásia, Europa e nos Estados Unidos da América, é que os cafeicultores e cafeicultoras brasileiros produzem cafés certificados Fairtrade de alta qualidade, e que são referência mundial.

Produzido pelas mãos de pequenos produtores e produtoras ligados a associações e cooperativas que possuem a certificação Fairtrade (Comércio Justo), esses cafés possuem, além da qualidade, responsabilidade social, ambiental e econômica em todos os elos da cadeia.

No país, a Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BRFAIR) promove, juntamente com a Coordenadora Latino-americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores do Comércio Justo (CLAC), ações que envolvem o fortalecimento e desenvolvimento do Comércio Justo, inclusive o Torneio do Melhor Café Fairtrade do Brasil – Golden Cup, cujos resultados foram divulgados durante a Semana Internacional do Café (SIC), realizada em Belo Horizonte (MG), neste mês de novembro.

PREMIAÇÃO – No Brasil, 30 organizações de produção de café são certificadas Fairtrade. E quem produz café Fairtrade sabe da importância da certificação, como é o caso do produtor Fabiano Diniz, de Manhuaçu (MG), que ficou em segundo lugar na categoria “Arábica Microlotes” do concurso Golden Cup. Fabiano é cooperado da Cooperativa Regional Indústria e Comércio de Produtos Agrícolas do Povo que Luta (COORPOL).

“Esse foi o nosso primeiro prêmio de café, e ficar com um título nacional é algo incrível. A partir dele estamos ansiosos por mais prêmios, aumentando cada vez mais nossa qualidade e compromisso com os cafés especiais. Hoje eu já vendo café cru para três estados brasileiros, e o torrado para todo o Brasil. Recentemente abri uma janela para vender direto para dois continentes, e com valores diferenciados devido à qualidade do produto e ao valor da moeda. O mercado interno brasileiro ainda está conhecendo o Fairtrade, mas os mercados europeu e asiático são os que mais procuram por esses cafés certificados”, destacou.

Outro jovem cafeicultor premiado é Alan Michel Batista, 23 anos, produtor em Patrocínio (MG), e que faz parte da Associação dos Pequenos Produtores do Cerrado (APPCER). Ele fala da qualidade dos cafés brasileiros certificados. “Produzimos os melhores cafés Fairtrade do mundo e temos que incentivar o consumo interno, fazendo com que as pessoas tenham reconhecimento de estar tomando um café produzido de forma ética, rastreável e sustentável, e agregando valor para esses grãos produzidos pela agricultura familiar”, enfatiza.

E de qualidade, ele entende. Entre 2019 e 2021, os cafés produzidos por Alan e sua família já conquistaram sete prêmios de qualidade. “As ações promovidas pela BRFAIR e pela CLAC, como o concurso Golden Cup, são de extrema importância, pois assim conseguimos divulgar e apresentar nosso trabalho, de produzir cafés de altíssima qualidade e com sustentabilidade. Para nós, é muito gratificante estar entre os melhores cafés Fairtrade do Brasil, isso nos incentiva muito a melhorar a qualidade”, afirma.

Vitrine para cafés Fairtrade brasileiros

E para apresentar os cafés Fairtrade para os consumidores brasileiros, nada melhor que estar presente no maior evento de café do Brasil: a Semana Internacional do Café (SIC). A BRFAIR e a CLAC levaram representantes de organizações que já possuem marcas de café certificado para a feira.

Do setor comercial e Café Industrializado da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM), Edivânia de Fátima Fernandes comenta que estar na SIC foi fundamental. “É uma visibilidade muito grande para as cooperativas. Esse é o terceiro ano que participamos da feira com nosso estande próprio e também com a BRFAIR. O Comércio Justo é um grande diferencial da feira, para mostrar essa força da agricultura familiar. Esse ano conseguimos fazer excelentes contatos e fortalecemos a nossa marca”, destacou.

Outra organização que tem um trabalho de destaque no Brasil relacionado ao Comércio Justo é a Cooperativa DOS COSTAS, que fica em Boa Esperança (MG). A gerente comercial da cooperativa, Priscila Nunes Oliveira, participou da SIC e conta a importância do evento para divulgar os cafés certificados.

“A BRFAIR tem sido uma grande parceira, pois ao longo desses anos, estar presente em seu espaço nos permite criar conexões e, acima de tudo, expor nossos cafés especiais, além de fazer uma degustação atrativa e contar um pouco da nossa história para os participantes. Ter esse networking na SIC é de suma importância, pois reforça o valor do nosso café de Comércio Justo. Tivemos a oportunidade de mostrar para este público os benefícios e as qualidades que a nossa marca representa, além de prospectar clientes que estamos mantendo contato para vendas futuras. Foi gratificante perceber a satisfação do público degustando os nossos cafés, e conhecendo mais da nossa história e de quem são as mãos que trabalham diariamente, sob o sol ou chuva, para garantir a sustentabilidade e qualidade dos nossos cafés”, conta.

De Nova Resende (MG), os integrantes da Cooperativa Agropecuária dos Produtores Orgânicos de Nova Resende e Região (COOPERVITAE) saíram da SIC entusiasmados e com importantes prêmios. “É muito importante participarmos da SIC, pois lá temos a oportunidade de apresentar nossos produtos, fazer novos clientes e reencontrar amigos. Também é importante para receber prêmios de concursos que participamos para valorizar nossos produtos, mostrar a qualidade que temos e ficarmos mais conhecidos”, destacou o presidente da entidade, Alessandro Marcos de Miranda.

Nos dois últimos anos, os cafés da COOPERVITAE conquistaram seis premiações no Golden Cup. “Graças a este torneio, temos a oportunidade de mostrar a qualidade que temos e somos reconhecidos por isso. Estes prêmios nos incentivam muito na busca em produzir cafés com mais qualidade”, garante. Os cafés premiados no concurso são enviados para eventos em diversos países, onde são apresentados para compradores de todo o mundo.

ROBUSTA – E engana-se quem pensa que café de qualidade é só dos grãos de arábica. De Muqui, município do Sul do Espírito Santo, vem os melhores cafés robustas do Brasil. Presidente da Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (CAFESUL), Renato Alvarenga Theodoro, que também é presidente da BRFAIR, participou da SIC com os grãos de café conilon (robusta) produzidos por cafeicultores e cafeicultoras da organização.

“A SIC é importante para prospectar novos mercados e mostrar nossos cafés especiais ao público consumidor, e também aos compradores. E principalmente no nosso caso, que temos que quebrar mais paradigmas, pois é comum ouvirmos que não se faz café conilon de qualidade. No estande da BRFAIR apresentamos nossos produtos e mostrando que é possível fazer cafés conilons de qualidade”, destacou.

Renato informou, ainda, que durante o evento foram feitos importantes contatos com compradores da Itália, Grécia e Colômbia. “Um dos nossos objetivos em estar na feira era apresentar os cafés e os conceitos do Fairtrade para o mercado interno, bem como todas as ações desenvolvidas no Brasil. O resultado foi muito bom e trouxemos quatro prêmios de qualidade conquistados por nossos cooperados no Golden Cup”, disse.

Fairtrade: the coffee that Brazilians are uncovering, but the world already looks up to it

When it comes to quality coffee in the world, something unquestionable is the quality of the beans produced in Brazil, both Arabica and Robusta. However, a subject that few Brazilians know about, but it is more common in countries in Asia, Europe and in the United States, is that, Brazilian coffee growers produce high quality Fairtrade certified coffee, which is a world reference.

Handmade by small producers who are connected to associations and cooperatives with the Fairtrade (Fair Trade) certification, these coffees have, in addition to quality, social, environmental and economic responsibility in every link of the chain.

In the country, the Association of Fairtrade Producers Organizations of Brazil (BRFAIR) stimulates, along with the Latin American and Caribbean Coordinator of Small Producers and Fair Trade Workers (CLAC), actions that put together the strengthening and development of Fair Trade, including the Best Fairtrade Coffee Tournament in Brazil – Golden Cup, whose results were announced during the International Coffee Week (SIC), held in Belo Horizonte (MG), this November.

AWARDS – In Brazil, 30 coffee production organizations are Fairtrade certified. And whoever produces Fairtrade coffee knows the importance of certification, such as the case of the coffee grower Fabiano Diniz, from Manhuaçu (MG), who won the second award in the “Arabica Microlots” category of the Golden Cup contest. Fabiano is a member of the Regional Industry and Cooperative Trade in Agricultural Products of the People who Fight (COORPOL).

“This was our first coffee award, and getting the first award is amazing. Since then, we are looking forward to more awards, by increasing our quality step and commitment to specialty coffees. Today I can sell raw coffee to three Brazilian states, and roasted coffee throughout Brazil. I recently took a chance to sell straight up for two continents, and with different prices due to the quality of the product and the value of the currency. The Brazilian domestic market is still getting to know Fairtrade, but the European and Asian markets are the ones that are most looking for these certified coffees”, he highlighted.

Another young coffee grower awarded is Alan Michel Batista, 23, a producer in Patrocínio (MG), and who is part of the Association of Small Producers of the Cerrado (APPCER). He talks about the quality of Brazilian certified coffees. “We produce the best Fairtrade coffees in the world and we have to encourage domestic consumption, by making people getting to know that they are drinking coffee produced in an ethical, traceable and sustainable way, and adding value to these beans produced by family farming”, he emphasizes .

And when it comes to quality, he is the one. Between 2019 and 2021, the coffees produced by Alan and his family have already won seven quality awards. “The actions promoted by BRFAIR and CLAC, such as the Golden Cup contest, are extremely important, and this is how we are able to spread it out and present our job, to produce high quality coffees with sustainability. For us, it is very grateful to be among the best Fairtrade coffees in Brazil, it pushes us a lot to improve the quality of it”, he says.

Showcase for Brazilian Fairtrade coffees

And to present Fairtrade coffees to Brazilian consumers, nothing better than being at the biggest coffee event in Brazil: the International Coffee Week (SIC). BRFAIR and CLAC brought up members of the organizations that have already certified their coffee brands to the fair.

From the commercial and industrialized coffee department of the Poço Fundo and Region Family Farmers Cooperative (COOPFAM), Edivânia de Fátima Fernandes said  that being at SIC was fundamental. “It is a highly visible for the cooperative members. This is the third year that we have taken part of the fair with our own stand and also with BRFAIR. Fair Trade points out,to show the strength of family farming. This year we managed to make excellent contacts and strengthened our brand”, he highlighted.

Another organization that has an outstanding attendance in Brazil related to Fair Trade is Cooperativa DOS COSTAS, placed in Boa Esperança (MG). The commercial manager of the cooperative, Priscila Nunes Oliveira, took part in SIC and explains the importance of the event in raising certified coffees.

“BRFAIR has been a great partner, because over the years, being part of it allows us to create connections and, after all, to show our specialty coffees, in addition to having an attractive tasting and spreading out a little bit of our history to the participants. By having this networking at SIC, it is really importante, since it reinforces the value of our Fair Trade coffee. We´ve had the opportunity to show to this audience the benefits and qualities that our brand represents, in addition to look for customers that we are keeping in touch with for future sales. It was a cheer up to see the joy of people tasting our coffees, and getting to know more about our history and also to see are the hands that work daily, rain or shine, to guarantee the sustainability and quality of our coffees”, he says.

From Nova Resende (MG), the members of the Agricultural Cooperative of Organic Producers of Nova Resende and Region (COOPERVITAE) left SIC excited and with those important awards. “It is very important for us to take part in SIC, since we´ve had the opportunity to present our products, make new customers and meet friends again. It is also important to be awarded we take part in, to value our products, show the quality we have and become well known”, highlighted the organization’s president, Alessandro Marcos de Miranda.

In the last two years, COOPERVITAE coffees have won six Golden Cup awards. “Thanks to this tournament, we´ve had the opportunity to show the quality we got and we are well known for that. These awards encourage us a lot in our search to produce higher quality coffees”, he guarantees. The coffees awarded in the competition are sent to events in different countries, where they are presented to buyers around the world.

ROBUST – And anyone who thinks that quality coffee only comes from arabica beans is wrong. From Muqui, a city in the south of Espírito Santo, where we can find the best robusta coffees in Brazil. The President of the Coffee Growers Cooperative of the South of Espírito Santo State (CAFESUL), Renato Alvarenga Theodoro, who is also the president of BRFAIR, participated in SIC with the conilon (robusta) coffee beans produced by the organization’s coffee growers.

“SIC is important to find out new markets and show our specialty coffees to the consumers, and also to buyers. And especially in our case, we have to break free from lots of standards, as it is usual to hear that quality conilon coffee is not produced. At the BRFAIR stand, we present our products and show that it is possible to make quality conilon coffee”, he highlighted.

Renato also said that during the event, important customers were made with buyers from Italy, Greece and Colombia. “One of our goals in being at the fair and to present the coffees and Fairtrade concepts for the domestic market, as well as all the actions developed in Brazil. The result was very good and we brought four quality awards won by our members in the Golden Cup”, he said.