Projetos ambientais mudam a vida de cafeicultores brasileiros

Environmental projects change Brazilian coffee growers´lives

Com o passar dos anos, a visão do produtor (a) rural tem mudado, e mudado para melhor. Um excelente exemplo é a preocupação com o meio ambiente nas propriedades. Os agricultores e agricultoras não querem apenas aumentar a produção e melhorar a qualidade do café, mas também atuam na recuperação de áreas degradadas, na preservação de nascentes de água e em diversas outras ações que contribuem com o meio ambiente.

No Brasil, cooperativas e associações Fairtrade têm desempenhando um papel fundamental nesse processo, seja por meio de conscientização ou por projetos desenvolvidos nas propriedades e nas comunidades, principalmente custeados pelo prêmio recebido da comercialização de cafés certificados Fairtrade.

ENERGIA LIMPA – A Cooperativa Agropecuária dos Produtores Orgânicos de Nova Resende e Região (COOPERVITAE), que tem sua sede em Nova Resende, no Sul de Minas Gerais, inovou com um projeto pioneiro no Brasil: a produção de energia solar. O tesoureiro da cooperativa, Fernando Oliveira Madeira, explica como a iniciativa beneficia os associados e a comunidade local, além de despertar interesse de organizações brasileiras e de outros países.

“O principal motivo pelo qual implantamos esse projeto, é que ele vai ao encontro dos

princípios Fairtrade, que são sustentabilidade, econômico, ambiental e social. A cooperativa montou duas usinas de energia solar. O crédito gerado pela produção elétrica é destinado, mensalmente, para nossos cooperados. Isso gera economia para 170 famílias. Essa é uma fonte de energia limpa e criamos na mente do cooperado a importância da preservação ambiental”, destacou.

E não são apenas os cooperados e os colaboradores da COOPERVITAE que são beneficiados. Parte do crédito com a geração de energia é cedido para o hospital do município, para o asilo, para a Casa da Criança e para a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). A estrutura de geração de energia solar foi custeada pelo prêmio recebido pela comercialização Fairtrade. “Dessa forma conseguimos provar que nosso café é sustentável”, afirmou.

Outra cooperativa que viu na energia solar uma forma de contribuir com o meio ambiente foi a Cooperativa dos Pequenos Agricultores de Santana da Vargem (COOPASV), em Santana da Vargem, Minas Gerais. Atualmente, toda a energia utilizada pela cooperativa vem de placas que captam luz do sol e a transforma em energia elétrica.

O projeto despertou o interesse de produtores rurais, que passaram a montar, em suas propriedades, usinas de energia limpa. A gerente geral da organização, Beatriz de Souza Pereira, revelou que novos projetos estão sendo planejados, tudo com apoio dos recursos da comercialização do café Fairtrade.

“Estamos estudando a criação de pequenas usinas para os agricultores familiares. Queremos custear essas usinas e os produtores pagarão com o produto deles, que é o café. Estamos no planejamento para determinar o melhor modelo, mas parte do custo, a cooperativa vai contribuir, com o dinheiro do prêmio Fairtrade”, revelou.

UNIÃO – Nas terras vulcânicas de Divinolândia, em São Paulo, são produzidos cafés de características únicas. É nessa região que atua a Associação dos Cafeicultores de Montanha de Divinolândia (APROD), que entre tantas ações, atua com projetos ambientais que tornam o café local ainda mais especial. O diretor de Certificação e Sustentabilidade da associação, Francisco Sérgio Lange, contou que a APROD surgiu no ano de 2000, quando os pequenos produtores viram a necessidade de se unirem.

“Em 2007 tivemos o primeiro contato com o Fairtrade. Em 2012 conseguimos a certificação. Através do prêmio Fairtrade conseguimos participar do projeto Micro Bacias, do governo estadual, com recursos do Banco Mundial, o que mudou a nossa realidade. Conseguimos construir um armazém e todos os equipamentos, onde trabalhamos microlote dos nossos produtores. Nós queremos ser referência em cafés Fairtrade de qualidade não só no Brasil, mas no mundo”, enfatizou.

O produtor Manassés Dias, 46, é um dos produtores beneficiados com as ações da APROD. Ele é um dos campeões nacionais do Torneio do Melhor Café Fairtrade do Brasil – Golden Cup. “Antes da associação, nem conhecíamos o café especial. Temos uma dedicação diferente na lavoura, como a redução de agrotóxicos, nutrição balanceada e cuidados no pós-colheita. A associação foi fundamental para essa mudança”, garante.

MUDANDO CONCEITOS – No Sul do Espírito Santo, a Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (CAFESUL), é responsável pela produção de cafés robustas de qualidade. Produtor no município de Muqui, Antônio Luiz Livio Carrari, 67, conta com orgulho a evolução da qualidade e melhoria ambiental na propriedade, após as orientações e projetos da cooperativa.

“Antigamente plantávamos e colhíamos como nossos antepassados faziam. Depois que entramos para a CAFESUL começamos a mudar nossa forma de produção. Meu filho começou a se interessar mais e depois veio a minha nora. Muita coisa mudou e, apesar da minha idade, estou animado e sempre inovando. Aprendemos a cuidar do meio ambiente, reduzindo o uso de agrotóxicos. Hoje não usamos nada, e é possível produzir com qualidade. Quem não faz parte da cooperativa está atrasado”, garante.

O gerente operacional e comercial da CAFESUL, Tales da Silva de Souza, explicou que os cooperados estão mudando a forma de produção. “Temos percebido uma evolução dos produtores com a redução do uso de pesticidas nas lavouras. E isso é importante para a certificação, porque mostra que o produtor está se preocupando também com a qualidade de vida. Alguns produtores estão eliminando todos os agrotóxicos e conseguindo boas produtividades e cafés de qualidade”, afirmou.

Environmental projects change Brazilian coffee growers´lives

 

Over the years, the rural producer’s vision has changed, and changed for the better. An excellent example is the concern for the environment in the properties. Farmers do not only want to increase production and improve the quality of coffee, but they also work to restore degraded areas, preserve water sources and many other actions that contribute towards the environment.

In Brazil, cooperatives and Fairtrade associations have played a key role in this process, either through awareness campaing or through projects developed on farms and in communities, mainly funded by the premium received from the marketing of Fairtrade certified coffees.

RENEWABLE ENERGY – The Agricultural Cooperative of Organic Producers of Nova Resende and Region (COOPERVITAE), which is headquartered in Nova Resende, in the south of Minas Gerais, innovated with a pioneering project in Brazil: the production of solar energy. The cooperative’s treasurer, Fernando Oliveira Madeira, explains how the initiative benefits its members and the local community, in addition to arousing interest from organizations in Brazil and other countries.

“The main reason why we have implemented this project it´s because it matches the

Fairtrade principles, which are sustainability, economic, environmental and social. The cooperative set up two solar power plants. The credit generated by electrical production is allocated, on a monthly basis, to our members. It brings up savings for 170 families. This is a source of renewable energy and we created in the cooperative member’s mind the importance of environmental preservation”, he highlighted.

And it is not just the cooperative members and employees of COOPERVITAE who profit. Part of the credit for the generation of energy is given to the municipal hospital, the retirement home, the Casa da Criança and the APAE (Association of Parents and Friends of the Exceptional). The solar power generation structure was sponsored by the prize received by Fairtrade trading. “This way we are able to prove that our coffee is sustainable,” he said.

Another cooperative that figured out solar power as a way to contribute to the environment was the Cooperative of Small Farmers of Santana da Vargem (COOPASV), in Santana da Vargem, Minas Gerais. Currently, all the power used by the cooperative comes from plates that capture sunlight and turn it into electrical power.

The project brought out the interest of rural producers, who started to set up renewable energy plants on their properties. The organization’s general manager, Beatriz de Souza Pereira, showed that new projects are being planned, with all the support of resources from the marketing of Fairtrade coffee.

“We´ve been studying on the creation of small mills for family farmers. We want to fund these plants and the producers will pay it back with their product, which is coffee. We are planning to determine the best type, but part of the cost the cooperative will contribute with the money from the prize of the Fairtrade”, he said.

TO BE AS ONE – In the volcanic lands of Divinolândia, in São Paulo, coffees with unique characteristics are produced. This is the region that the Association of Mountain Coffee Growers of Divinolândia (APROD) operates, which, among many actions, works with environmental projects that make the local coffee even more special. The association’s director of Certification and Sustainability, Francisco Sérgio Lange, said that APROD started in 2000, when small producers had a glimpse of the need to become one.

“In 2007 we´ve had the first contact with Fairtrade. In 2012 we´ve got the certification. Through the Fairtrade award, we were able to participate in the state government’s Micro Basins project, with resources from the World Bank, which had changed our reality. We´ve managed to build a warehouse and all the equipment, where we deal with micro-lots from our producers. We want to become a reference in quality Fairtrade coffees, not only in Brazil, but all over the world”, he emphasized.

The coffee grower, Manasses Dias, 46, is one of the producers that´s been profiting from APROD’s actions. He is one of the national champions of the Best Fairtrade Coffee Tournament in Brazil – Golden Cup. “Before the association, we didn´t have any idea about special coffee. We keep a different dedication to farming, such as reducing pesticides, balanced nutrition, and post-harvest care. The association was fundamental for this change”, he guarantees.

CHANGING CONCEPTS – In the south of Espírito Santo, the Cooperative of Coffee Growers of the South of the State of Espírito Santo (CAFESUL), is responsible for the production of quality robusta coffee. The producer in the city of Muqui, Antônio Luiz Livio Carrari, 67, is proud of the evolution of quality and environmental improvement on his property, since he starded following the guidelines and projects of the cooperative.

“We used to plant and harvest as our ancestors used to do. After we joined CAFESUL, we´ve started to change our way of production. My son has become more interested about it, and later, my daughter-in-law did the same thing. A lot has changed and, despite my age, I’m excited and I´m always innovating. We´ve learned to take care of the environment, by reducing the use of pesticides. Nowadays we no longer use them, and it really is possible to produce with quality. Those who are not part of the cooperative wasting their time”, he guarantees.

The operational and commercial manager of CAFESUL, Tales da Silva de Souza, explained that the cooperative members are changing the way of production. “We have noticed an evolution of producers with the reduction in the use of pesticides in crops. And it is important for the certification, because it shows that the producer is also concerned about life quality. Some producers are getting rid of all pesticides and achieving good yields and quality coffee,” he said.