BRFAIR
Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil
Miguel Ángel Munguía, presidente da Coordenadora Latino-americana e do Caribe de Pequenos(as) Produtores(as) e Trabalhadores(as) de Comércio Justo (CLAC), fez um chamado para os políticos e governos para assumirem sua responsabilidade pela crise climática atual e buscar acordos que consigam deter o aumento da temperatura no planeta, que já está afetando a produção de diversos produtos na América Latina e Caribe.
“Temos muita preocupação pelas emissões provocadas pelos gases de efeito estufa e os danos que estão sendo ocasionados para a humanidade”, expressou o apicultor mexicano e presidente de CLAC para o período 2019-2021, que detalhou que a mudança climática tem feito variar os ciclos de produção do mel, porque nos últimos anos já se notou uma variação da época de floração.
“Antes era muito claro o período em que floreavam, agora podem florear antes ou depois, e isso provoca um descontrole para o pequeno(a) produtor(a) de mel quando tenta colher o mel porque já não se sabe o período”, agregou Munguía.
No apoio a pequenos(as) produtores(as), CLAC realiza oficinas de capacitação e de intercâmbio de experiências nas diferentes regiões para que produtores(as) de café, cacau, banana, mel, açúcar e outro produtos, conheçam sobre os efeitos do aquecimento global e das mudanças climáticas e preparem estratégias de mitigação e adaptação. Além disso, foram realizados projetos para fortalecer as capacidades de resiliência das organizações membro de CLAC.
Além disso, o comércio justo tem sido fundamental para que pequenos(as) produtores(as) sejam mais resilientes, destacou Munguía. “Vemos o exemplo concreto do café, devido à mudança climática perdemos as plantas que eram muito velhas pela ferrugem do café. O que o Comércio Justo fez? A cadeia de valor teve que se manter para poder continuar vendendo o produto café em um processo de mudança das plantas periódicas”, explicou o presidente de CLAC, detalhando que cada organização produtora de café mudava a cada ano uma porcentagem de plantas por outras que são mais resilientes à mudança climática.
“O Comércio Justo, através da sensibilidade do consumidor por fazer um compromisso direto com o produtor, favorece a dinâmica de mercado e a resiliência dos pequenos(as) produtores(as)”, acrescentou.
CLAC representa a 916 organizações de pequenos(as) produtores(as) que tanto a colheita ou desenvolvimento de seus produtos é seu sustento. Por isso, CLAC esteve presente na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP25), em Madrid, para levar as vozes dos(as) pequenos(as) produtores(as) a esta plataforma global de tomada de decisões.
Medidas corretivas devem ser tomadas, enfatizou o presidente de CLAC. “Se não tomamos essa atitude hoje, as catástrofes podem ser terríveis”, enfatizando essa chamada de atenção não só a políticos, mas também para os cidadãos para atuarem juntos e frear o aquecimento global para que “nesta casa comum, que é de todos, não só nós possamos viver, como nossos filhos e netos também. Porque se não, não vamos oferecer uma casa cômoda onde viver como tiveram nossos avôs”.